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WAGNER GROUP E SUA CONTROVÉRSIA ATUAÇÃO NA UCRÂNIA

  • Foto do escritor: rafaelpupomaia
    rafaelpupomaia
  • 8 de mai. de 2023
  • 10 min de leitura

No atual cenário da guerra na Ucrânia, o Wagner Group está desempenhando um papel crucial, sendo o principal braço armado da Rússia no conflito. O grupo de mercenários atua junto às forças das Repúblicas de Donetsk e Lugansk no teatro de operações ucraniano, assim como algumas tropas regulares russas. No entanto, muito é subestimado o papel dessa força privada e sua utilização dentro da estratégia do Kremlin.

O Wagner Group é uma força paramilitar formada por mercenários russos e estrangeiros que servem prioritariamente os interesses de Moscou. A organização iniciou sua operação em 2014 na Ucrânia e expandiu sua atuação para regiões no Oriente Médio, África e Balcãs. O grupo é liderado pelo oligarca russo Yevgeny Prigozhin, também alcunhado "o Chefe de Putin". Prigozhin fez sua fortuna com redes de restaurantes e fornecendo comidas ao Kremlin por meio de sua empresa de catering, a Concord.

Após a guerra irromper no Leste da Ucrânia em 2014, apareceu ao mundo os mercenários do Wagner Group, uma vez que as Forças Armadas russas não estavam diretamente envolvidas no conflito em Donetsk e Lugansk. O grupo se consolidou como o braço de Moscou no conflito ucraniano lutando ao lado dos secessionistas do Leste, mesmo que o Kremlin negasse as acusações à época. Em meados de 2022, em plena campanha militar russa, Moscou admitiu que o grupo estava operando pela Rússia no país e, com o Wagner Group ganhando notoriedade e uma impressionante capacidade bélica, Prigozhin admitiu ser o líder da organização.

É possível analisar alguns padrões nos primeiros momentos da invasão russa na Ucrânia, o que nos permite supor como foi pensada e operacionalizada o início da invasão militar e seus planos subsequentes. Logo no início, o assalto russo foi avassalador em relação as posições ucranianas. As Forças Armadas russas iniciaram o assalto à Ucrânia em três grandes frentes: Leste, Sul e Norte[1]. A frente Norte foi dividida em dois grandes grupos de ataque: o Grupo Noroeste e o Grupo Central. O Grupo Noroeste partiu da Bielorrússia e avançou sobre a parte ocidental do Rio Dniepre, visando tomar Chernobyl e atacar o flanco oeste de Kiev. O Grupo Central partiu da Rússia e avançou sobre o Nordeste ucraniano, tomando a importante cidade Chernihiv e as cidades estratégicas de Krolevets e Kronotop, permitindo manter uma rota de suprimentos aberta as tropas que rumavam aos subúrbios de Kiev.

O ataque a frente Leste também foi dividido em dois grandes grupos, com o Grupo Nordeste sendo subdividido em dois: uma parte avançando sobre Sumy, Romy e, por fim, rumando sobre a parte leste de Kiev, fechando o cerco à cidade junto ao Grupo Noroeste. A outra parte do grupo atacou o Sul de sua posição, avançando sobre a importante cidade de Cracóvia e rumando para a cidade de Izium (entroncamento rodoviário e ferroviário), localizada no Leste ucraniano.

O Grupo Sudeste se uniu as tropas regulares das autoproclamadas Repúblicas de Donetsk e Lugansk, avançando sobre a região de Donbass. Este avanço se deu em três direções: Volnovkha e a estratégica cidade de Mariupol a Sudoeste, Donetsk a Oeste, e Lugansk a Noroeste, com intuito de encontrar as tropas do Grupo Nordeste que atacaram Izium.

Por fim, a frente Sul foi liderada pelo Grupo Sul que partiu da península da Criméia. Após cruzarem a fronteira, o Grupo se dividiu em duas forças militares (Força 1 e Força 2) com objetivos distintos. A primeira avançou para o Leste em direção a cidade de Melitopol. Após a queda da cidade, a força se subdividiu em duas: Força A e Força B. A Força B rumou para o Norte, atacando a importante cidade de Zaporizhzhia e tomando sua usina nuclear, a maior da Europa. A Força A avançou em direção ao Leste, tomando Berdyansk e alcançando a parte Oeste de Mariupol, fechando o cerco a cidade em 17 de março.

A Força 2 do Grupo Sul rumou para o Sudoeste, atacando em três diferentes posições: a cidade de Kherson, Mykolaiv e Nova Kakhova. Parte das tropas cercaram a usina nuclear de Mykolaiv e, em 16 de março, tropas russas tomaram a Hidrelétrica de Kakhova, tendo o controle de grande parte do sistema energético do país. Pouco depois de atingidos esses objetivos, as forças russas se retiraram para o Leste.


MAPA 01: Invasão da Ucrânia – Dia 30 de Março

Fonte: UK Ministry of Defence (2022)[2]

As forças russas desistiram de cercar Kiev e se retiraram do cenário Norte da operação. Não se deve acreditar que a desistência russa de certos objetivos específicos signifique uma derrota, como também não se deve acreditar que uma possível queda de Kiev signifique o fim da resistência ucraniana. É possível entender que essa desistência russa de certas posições e a reestruturação de suas forças estão mais atrelados a uma estratégia maior do Kremlin do que necessariamente uma falta de capacidade das Forças Armadas russas, como muitos especialistas entenderam esses acontecimentos. Esse tema foi discutido no artigo publicado anteriormente: Conclusões Prévias Sobre a Estratégia Geopolítica Russa na Invasão da Ucrânia. Além disso, especificamente no cenário Norte, talvez os russos tenham alcançado seus objetivos estabelecidos, uma vez que esses são desconhecidos por nós, justificando uma retirada. Muito pouco foi questionado pelo Ocidente o interesse dos russos em Chernobyl, quais eram seus objetivos e ambições em uma área desabitada e assolada pela radiação?

O que é possivel concluir com o início da guerra na Ucrânia é que existem dois momentos da guerra: o primeiro é o assalto à Ucrânia e o segundo é a retirada das forças russas para o Leste e seu reagrupamento. O assalto russo se deu com as tropas regulares das Forças Armadas russas e os batalhões de operações especiais do país. Além das tomadas rápidas dos alvos ucranianos, o assalto aerotransportado ao aeroporto de Hostomel e das primeiras semanas do ataque mostraram tropas extremamente treinadas e cientes de como operar no terreno urbano. Portanto, essas forças foram utilizadas para cumprir objetivos específicos em Chernobyl, nos arredores de Kiev e em outros redutos.

O segundo momento é a retirada dessas tropas para o Leste, abandonando suas posições e visando seu reagrupamento no início de abril de 2022. Neste momento específico, grande parte das tropas regulares russas foram colocadas na reserva e substituídas pelos mercenários do Wagner Group, que passaram a deter o papel principal das forças russas na região. Não obstante, iniciou-se a segunda fase da estratégia do Kremlin.

A substituição de uma força regular de batalha por mercenários é uma tarefa complicada, mesmo com o apoio das milícias regulares de Donetsk e Lugansk. Além da questão monetária, onde diversos soldados uniram-se ao grupo pelo alto soldo praticado, havia a necessidade de aumentar drasticamente as fileiras do grupo para reforçar a frente de batalha. Dessa forma, a estratégia de Moscou foi recrutar presidiários condenados para lançá-los a linha de frente.

Desde o verão de 2022 há uma campanha de recrutamento do Wagner Group ocorrendo nos presídios russos. Prigozhin, abonado pelo governo russo, prometeu perdão aos crimes cometidos em troca de seis meses de serviço pelo grupo na linha de frente da Ucrânia. Os prisioneiros recrutados dispõe de um breve período de treino e são lançados para o combate.

Como já havia comentado em posts anteriores, a estratégia de Moscou na Ucrânia é empregar uma guerra de desgaste no país, visando drenar os recursos estratégicos do Ocidente para uma guerra que dificilmente será vencida pela Ucrânia. Desse modo, é extremamente importante blindar a sociedade russa deste conflito. Sendo assim, Putin utilizou sua principal força no início da campanha para atingir objetivos específicos. Após completada esta fase, houve o reagrupamento das tropas no Leste e a substituição da prinicpal força na invasão, que deixa de ser o exército regular e passa a ser o Wagner Group.

Com esta estruturação, uma "nova campanha" começou na Ucrânia, com avanços lentos, muita destruição e um enorme número de perdas humanas em ambos os lados. Tendo em vista o lado russo, essa mudança foi de suma importância, pois ao assumir uma guerra de desgaste visando objetivos maiores que os próprios estabelecidos no cenário ucraniano, Putin não poderia arcar politicamente com as perdas que teria em seu exército regular, uma vez que a sociedade russa não aceitaria o ônus do custo humano da guerra. Dessa forma, o governo russo escolheu recrutar presidiários condenados para lutar essa guerra de desgaste e altamente destrutiva, sem o custo social e político que o governo russo arcaria caso colocasse suas forças regulares sendo a principal no combate.

Ao analisar pelo lado estratégico, Moscou está resolvendo dois problemas: o primeiro é o alto custo humano que a Rússia está tendo que arcar com a guerra de desgaste empregada, e o segundo é a redução da população carcerária que se dá por consequência, com o Estado diminuindo seu investimento com a reabilitação de presos na sociedade russa e os problemas no sistema carcerário do país. Analisando pelo lado humano, é uma ação extremamente fria e sem valor a vida humana.

O Wagner Group não informa a quantidade de voluntários ou de recrutados neste formato, mas os números do serviço penal russo para novembro de 2022 indicavam que a população carcerária do país diminuiu em mais de 20 mil presos entre agosto e novembro, o que nos permite ter uma noção do recrutamento para a guerra. Isso, sem contar os voluntários advindos da Rússia e outros países ao redor do globo. Segundo relatos da inteligência dos EUA, acredita-se que cerca de 40 mil combatentes foram provientes dos presídios russos, compondo a maior parte do efetivo dos mercenários.

Existem inúmeros problemas por insuflar as fileiras de sua principal força de combate com presidiários condenados pelos mais diversos tipos de crime. Estes recrutados não são soldados formados, não tem valores militares de um exército tradicional e apresentam dificuldade com a hierarquia. Diversas foram as acusações de violações dos direitos humanos pelo Wagner Group no campo de batalha, o que incluem saques, estupros, execuções e assassinatos. No entanto, muitos relatos e evidencias do front começam a comprovar tal postura de alguns combatentes do grupo.

Mesmo sabendo que os crimes de guerra poderiam ser algo factível na frente de combate, foi um efeito colateral que o Kremlin resolveu aceitar em busca de perseguir uma estratégia maior. Mais uma vez, prova-se que a população civil da zona de conflito é a mais impactada, sofrendo a maior parte do ônus da guerra.

Concomitante, as lideranças do Wagner Group tiveram que adotar novas técnicas para manter os "novos recrutas" seguindo suas ordens e diretrizes. Dessa forma, o grupo começou a punir gravemente desertores, covardes e arruaceiros. Muitos, sendo executados de forma brutal para dar o exemplo aos outros combatentes. Portanto, Prigozhin instituiu uma rígida doutrina baseada no medo e na violência, para que os combatentes seguissem as ordens e cumprissem os objetivos no campo de batalha.

O Wagner Group opera aceitando as diversas baixas que os avanços sobre as trincheiras ucranianas causam. Segundo relatórios da inteligência ucraniana, o grupo se divide em forças móveis que atacam em levas, geralmente armados com fuzis, RPGs e granadas. Os combatentes são apoiados por cobertura aérea ou de artilharia e fazem bastante uso da inteligência de drones. Vale ressaltar que o relatório ucraniano frisou que dificilmente as forças de assalto do Wagner Group se retiram sem ordens expressas. Mesmo sem comando e com pesadas baixas eles tentam manter suas posições. Tais relatos são indícios que corroboram a tese que foi comentada acima.

Pela ótica ucraniana, é um cenário extremamente complexo, pois grande parte dos combatentes nas trincheiras não são soldados profissionais, são civis convocados ou voluntariados para a guerra com o intuito de servir seus país e seu povo. Com levas de ataques russos ocorrendo constantemente mesmo sofrendo enormes perdas humanas, é um fato que acaba abalando a moral dos soldados ucranianos. A posição ucranina nesta guerra é quase um paradoxo entre defender seu país e sobreviver aos constantes ataques russos que, por sua vez, assimilam uma enorme quantidade de baixas e não param de atacar.

Observa-se a cada vez maior utilização das PMCs (Private Military Companies) por Estados soberanos, visando atingir os objetivos que as Forças Armadas não conseguem alcançar, seja pelas Convenções de Genebra dos quais seus países são signatários ou por manter o conflito longe da sociedade civil, evitando o ônus político.

Assim como o Wagner Group, existem diversas outras PMCs operando no conflito ucraniano em ambos os lados, podendo citar: ENOT Corp, MAR, Mozart Group, Mosaic, dentre outros. Além de ser uma evolução das Guerras por Procuração (Poxy Wars), é um esquema extremamente lucrativo para companhias privadas e governos que se aproveitam das operações para firmarem contratos extremamente lucrativos, vide o exemplo da Blackwater. Os EUA que tanto criticam a Rússia pelo uso do Wagner Group em campo de batalha - inclusive designando a companhia russa como organização criminosa transnacional - é outro grande patrocinador do uso de PMCs, principalmente com utilizações em operações secretas em conjunto com a CIA, com implantações na Síria, Iraque e outros países.

Portanto, é possível concluir que a utilização do Wagner Group foi e continua sendo extremamente importante para os planos de Moscou, uma vez que afasta a guerra de desgaste das Forças Armadas e da sociedade russa, mesmo que seu uso tenha impactos catastróficos no campo de bataha em relação a crimes de guerra cometidos. Outro ponto que surge dessa questão é a força cada vez maior que o grupo vem ganhando em termos bélicos e midiáticos, assim como seu líder. Com isso em mente, questiona-se: qual o futuro das relações de Prigozhin com o establishment político e militar de Moscou?


Notas de Rodapé: [1] É importante frisar que os nomes dados aos grupos de ataque são fictícios, visando facilitar a explanação.

[2] Fonte: UK MINISTRY OF DEFENCE. Defence Intelligence update on the situation in Ukraine - 30 March 2022. 2022. Twitter: @DefenceHQ. Disponível em: https://twitter.com/defencehq/status/1509126542479302658. Acesso em: 02 abr. 2022


Referências:


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