top of page
Buscar

AS REVOLUÇÕES COLORIDAS E SEUS PROPÓSITOS

  • Foto do escritor: rafaelpupomaia
    rafaelpupomaia
  • 29 de out. de 2022
  • 4 min de leitura

Atualizado: 26 de nov. de 2023

As Revoluções Coloridas são manifestações políticas oposicionistas que englobam diversas camadas da sociedade, tendo como finalidade a derrubada de governos e destituição de seus líderes atuais. No entanto, há uma semelhança visível em grande parte dessas revoluções, a troca de regime ocorre para um regime político com viés pró-Ocidente, com um forte apelo a democracia e regimes liberais.

Este tipo de ato de contrainteligência não é desenvolvido por um indivíduo ou perpetrado em um curto espaço de tempo. É uma ação coordenada por órgãos de inteligência, políticos, mercenários, militares, dentre outros. Geralmente, a revolução colorida demanda tempo de preparação e, em um momento que o governo está fragilizado, inicia-se a parte operacional da ação.

Outras semelhanças podem ser encontradas nessas revoluções. A mobilização dos manifestantes é feita de maneira simples, mas organizada. Em sua maioria, a violência não é incitada de início, mas as manifestações políticas e culturais têm como intuito prejudicar a imagem do governo, ou fazer atos provocativos para que as instituições e as forças da lei se enervem, culminando em confrontos com manifestantes. Isso será reproduzido para a sociedade como um ato de “autoritarismo”, fazendo com que cada vez mais os cidadãos comuns saiam as ruas contra o governo.

Em um primeiro momento, esse time de contrainteligência encontra um governo que está em desafeto com as políticas de seu país, decidindo pela política de “regime change”. Em um segundo momento, é formado um grupo de ativistas (de qualquer ramo) financiados por empresas estrangeiras ou diretamente por um governo estrangeiro. Esse grupo criado nasce com um sentimento oposicionista, passando a difundir ideias e manifestos de cunho antigoverno. Em uma ocasião de fragilidade do governo, esse grupo começa a mobilizar as massas para protestos contra o Estado. Inflamado pela Era da informática, esses protestos ganham grande visibilidade e começam a se espalhar pelo país, culminando na derrocada do governo.

Outro fator crucial é a forma de financiamento dessa célula que incita tal revolução. Governos estrangeiros não podem montar células de contrainteligência em países soberanos, mas fazem isso de maneira velada e por meios que as leis dos países permitam. Geralmente, esses financiamentos de interesses alienígenas são feitos por meio de ONGs que, por sua vez, utilizam um discurso democratizante, liberalizante e pró-ocidental. Um grande exemplo dessa atuação é:

“(...) o National Endowment for Democracy (NED) dos EUA, uma autoproclamada "ONG", por exemplo, tem usado financiamento estatal para pregar a doutrina hegemônica do governo dos EUA. Em 2016, o NED havia fornecido cerca de US$ 96,52 milhões para pelo menos 103 entidades anti-China, incluindo notórios grupos separatistas, como o Congresso Mundial Uigur (WUC) e o Congresso da Juventude Tibetana (TYC).” (GLOBAL TIMES, 2021 – tradução do autor).

Os EUA dominaram por muito tempo esse tipo de ação, também denominado “regime change”, onde Washington derruba governos não alinhados com suas pautas. Após a revolução de 2000 na Sérvia, outras se seguiram em países que faziam parte da antiga URSS, visando isolar a recém-formada Federação Russa. Este processo teve início com a Revolução Rosa na Geórgia em 2003, onde o presidente Eduard Shevardnadze foi destituído de uma maneira não-violenta e substituído pelo Presidente pró-Ocidente Mikheil Saakashvili. Em 2004, a Revolução Laranja na Ucrânia transladou o poder ao Presidente Viktor Yuschenko, pró-Ocidente e com laços com a UE e EUA. Em 2005 foi a vez do Quirguistão, onde a Revolução das Tulipas, que contou com o apoio norte-americano, destituiu o Presidente Askar Akayev, substituído por um governo com maiores laços com os EUA.

Nos governos de Barack Obama (2009-17), as revoluções coloridas continuaram com maior intensidade e com foco no Oriente Médio. Iniciou-se em 2010 com a Revolução de Jasmim na Tunísia, na qual o ditador Ben Ali foi deposto. Em 2011 ocorreu a Revolução no Egito e, posteriormente, mas ainda em 2011, ocorreu a Revolução na Líbia, que culminou em uma guerra civil para destituir o ditador Muammar al-Gaddafi. Percebe-se que o mesmo ocorreu na Síria com a tentativa de destituir o ditador Bashar al-Assad, mas no caso sírio a situação foi potencializada pela interferência russa na guerra.

Percebe-se que as revoluções coloridas têm inúmeros interesses, inclusive interesses de potências externas que fomentam e ajudam a inflamar uma revolução. A Rússia e a China conseguiram se prevenir dessas tentativas de revoluções fomentadas pelo exterior promulgando leis extremamente rígidas em relação as ONGs e outras instituições ou pessoas que atentem contra os interesses nacionais do país.

Este tipo de ação é uma forma de guerra híbrida, muito empregada ao longo dos anos por diversos países, mas que se consolidou atualmente no modus operandi do establishment norte-americano. Não se trata de algo novo, esta é uma tática antiga e historicamente utilizada, mas a forma de operação vem evoluindo ao longo do tempo. Nos dias atuais, é difícil separar a vontade popular de uma "revolução colorida", um dos pontos que comprovam seu sucesso.


Referência:


GLOBAL TIMES. GT Investigates: US wages global color revolutions to topple govts for the sake of American control. 2021. Disponível em: https://www.globaltimes.cn/page/202112/1240540.shtml. Acesso em: 12 abr. 2022.

 
 
 

Comments


bottom of page